MEU PAI
(Luís Guiaroni)
Meu pai, sua mão magra e comprida, parece sua vida,
Longa vida que se esvai.
Ainda moço,
Eu me lembro de sua atlética esbeltez,
Oh, papai, você tinha força por três, se lembra papai ?
Quando eu era criança, eu ouvia dizer que você era um gigante,
E eu ficava irradiante, e também me agigantava,
Porque toda madrugada, eu quentinho do agasalho,
O gigante me beijava.
A sua grande mão de ferro, parecia leve leve numa carícia breve,
Que de minha memória não sai.
Depois um beijo na mão, e o gigante partia,
A casa toda tremia com os passos de papai.
O seu retrato muito moço, muito antigo, mais se parecia comigo,
Do que mesmo com você.
Você já lembra vovô, e a medida que você envelhece,
Você também parece com mamãe.
Não sei porque, um dia mamãe caiu doente,
Era você quem cozinhava,
Grande desajeitado a varrer,
Eu ria ria a valer, e mamãe chorava.
Eu quis ajudar meu pai, mas tal não aconteceu.
Papai me disse essas palavras: não meu filho,
Eu sou um operário obscuro, você não, terás futuro,
Será melhor que eu.
Eu melhor que este velhinho?
Que me deu pão e estudo?
Que é pobre porque deu tudo, a família, a pátria e a fé.
Não papai, com todo diploma, com toda universidade,
Eu quisera ser a metade , daquilo que você é.
Papai eu quero que você saiba, que entre amigos conversando,
O meu assunto vai girando, e em seu nome recai.
Sua força, coragem, bondade.
Aí eu conto uma história,
E todos vêem que minha glória, é ser filho de meu pai.
Um dia fui nadar no rio, a correnteza veio, eu vi a morte aparecer,
Papai saltou dentro d’água, nadando mais que um peixe, salvou-me
E disse não deixe mamãe saber.
Ah, assim foi o meu pai,
O forte que respeitava a fraqueza,
Nunca humilhou a pobreza, a riqueza nunca humilhou.
Estava bem com os homens, e com Deus estava bem,
Nunca fez mal a ninguém,
E o que sofreu perdoou.
Papai me perdoe se eu lhe falo
De coisas que não se esquece,
Minha voz estremece, uma lágrima cai.
Hoje sou eu o gigante,
Você o pequenino,
Hoje sou eu que me enclino,
Papai, a benção papai.
(Luís Guiaroni)
Meu pai, sua mão magra e comprida, parece sua vida,
Longa vida que se esvai.
Ainda moço,
Eu me lembro de sua atlética esbeltez,
Oh, papai, você tinha força por três, se lembra papai ?
Quando eu era criança, eu ouvia dizer que você era um gigante,
E eu ficava irradiante, e também me agigantava,
Porque toda madrugada, eu quentinho do agasalho,
O gigante me beijava.
A sua grande mão de ferro, parecia leve leve numa carícia breve,
Que de minha memória não sai.
Depois um beijo na mão, e o gigante partia,
A casa toda tremia com os passos de papai.
O seu retrato muito moço, muito antigo, mais se parecia comigo,
Do que mesmo com você.
Você já lembra vovô, e a medida que você envelhece,
Você também parece com mamãe.
Não sei porque, um dia mamãe caiu doente,
Era você quem cozinhava,
Grande desajeitado a varrer,
Eu ria ria a valer, e mamãe chorava.
Eu quis ajudar meu pai, mas tal não aconteceu.
Papai me disse essas palavras: não meu filho,
Eu sou um operário obscuro, você não, terás futuro,
Será melhor que eu.
Eu melhor que este velhinho?
Que me deu pão e estudo?
Que é pobre porque deu tudo, a família, a pátria e a fé.
Não papai, com todo diploma, com toda universidade,
Eu quisera ser a metade , daquilo que você é.
Papai eu quero que você saiba, que entre amigos conversando,
O meu assunto vai girando, e em seu nome recai.
Sua força, coragem, bondade.
Aí eu conto uma história,
E todos vêem que minha glória, é ser filho de meu pai.
Um dia fui nadar no rio, a correnteza veio, eu vi a morte aparecer,
Papai saltou dentro d’água, nadando mais que um peixe, salvou-me
E disse não deixe mamãe saber.
Ah, assim foi o meu pai,
O forte que respeitava a fraqueza,
Nunca humilhou a pobreza, a riqueza nunca humilhou.
Estava bem com os homens, e com Deus estava bem,
Nunca fez mal a ninguém,
E o que sofreu perdoou.
Papai me perdoe se eu lhe falo
De coisas que não se esquece,
Minha voz estremece, uma lágrima cai.
Hoje sou eu o gigante,
Você o pequenino,
Hoje sou eu que me enclino,
Papai, a benção papai.
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